Refugiados ucranianos na estação de comboios em Przemysl, na Polónia | Foto de Clemens Bilan/EPA/LUSA
Desde o início da guerra que os homens entre os 18 e os 60 anos são obrigados a juntar-se às fileiras da resistência ucraniana. Há uma minoria que se recusa a pegar em armas e que tenta fugir do país. O Setenta e Quatro conheceu de perto algumas destas histórias.
Os ucranianos tinham acabado de se confrontar com o seu pior pesadelo quando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou num breve vídeo a entrada em vigor da lei marcial. A grande maioria dos cidadãos ucranianos foram mobilizados para combater as tropas russas que penetravam no território. O desempenho da resistência ucraniana é bastante superior ao esperado, infligindo pesadas baixas às tropas russas. Contudo, vários homens fogem à guerra, contornando a legislação.
As unidades de defesa territoriais formadas por civis são um dos pilares da resistência ucraniana. O governo tem apresentado a guerra como uma batalha contra um invasor focado em destruir a Ucrânia e a sua identidade nacional. Assim, milhares responderam ao apelo, mas uma minoria recusou pegar em armas, abandonando a Ucrânia como pôde.
Sabendo não ter treino militar adequado e com medo de perderem a vida perante uma força inimiga avassaladora, atravessaram as fronteiras acompanhados pelas famílias. São acusados de serem desertores e não são bem vistos no país que fez da resistência política nacional.
As multas por não se juntar às fileiras da resistência ucraniana podem chegar aos 17 500 euros, quando o salário mínimo nacional ronda os 170 euros.
O decreto de mobilização geral aprovado constitucionalmente, pela instauração da lei marcial, proíbe os homens entre os 18 e os 60 anos de abandonarem a Ucrânia. As fronteiras ucranianas são controladas por vários checkpoints nos quais os agentes ucranianos, ao detectarem homens em idade militar, impedem-lhes a passagem, mandam-nos para trás e encaminham-nos para centros de recrutamento.
Também podem ser multados em valores “que variam entre dez a trinta vezes o rendimento mínimo não tributável”. Caso o infrator seja funcionário público, o valor da multa ascende consideravelmente, desde “trinta a cem vezes o rendimento mínimo não tributável”, disse ao Setenta e Quatro a embaixada ucraniana em Portugal. Ou seja, os valores podem chegar aos 15 700 euros, quando o salário mínimo ucraniano ronda os 170 euros.
No entanto, há exceções. Os homens na faixa etária compreendida pela legislação que detenham um atestado médico militar comprovando a sua inaptidão física e/ou mental, os que tenham três ou mais filhos menores, os que sejam pais solteiros ou tenham a seu cargo pessoas com necessidades especiais podem atravessar as fronteiras ucranianas sem problemas. Todos os homens que tenham perdido parentes no Donbass também o podem.
“Normalmente, se tiveres uma doença não precisas de ir para o exército, mas agora és obrigado a permanecer na Ucrânia até com atestado médico”, afirma Artem, de 24 anos, ao Setenta e Quatro, após adquirir mais uma passagem de comboio para prosseguir a sua fuga ilegal que começou na Moldávia. “A Rússia roubou-me a casa no dia 24 de fevereiro e depois destruiu-a”, acrescenta, referindo que vivia na zona de Donetsk controlada pela Ucrânia.
Grandes filas formam-se à boca das bilheteiras na estação de comboios em Budapeste e Artem evade-se à guerra acompanhado por um amigo. “Fugi para Kiev e a minha segunda casa também foi destruída. Sinto-me receoso para escolher a terceira”. A dupla estava indecisa entre a Alemanha e a Noruega, mas a gratuitidade dos bilhetes para Viena, na Áustria, falou mais alto.
A namorada de Artem fugiu para a Polónia pouco depois de a guerra começar e avisou-o sobre os checkpoints na fronteira. Daí que Artem e o amigo tenham passado duas semanas a sondar várias passagens de fronteira, para encontrarem uma sem checkpoints. Escaparam pela Moldávia, com Artem a desejar chegar à Alemanha, onde vai finalmente encontrar-se com a namorada.
“Quero estudar arquitetura, depois regresso e restauro a Ucrânia. Para já é demasiado perigoso”, diz antes de embarcar num comboio na estação de Budapeste sem um atestado clínico de um médico militar. O seu rosto espelha um alívio claro por escapar à guerra, mesmo que não saiba quando poderá regressar ao seu país, nem como será por ele acolhido por fugir da linha da frente.
Todas as fronteiras ucranianas são potenciais pontos de passagem. A fronteira moldavo-ucraniano é uma das mais concorridas desde o princípio da invasão no dia 24 de fevereiro. Centenas de milhares de refugiados ucranianos já a atravessaram e entre eles há homens que se recusam à mortandade das trincheiras. O fluxo de refugiados é tão intenso que a espera para atravessar as fronteiras ucranianas prolonga-se durante horas, pois as autoridades verificam individualmente todas as pessoas.
“Reconhecemos que os Estados têm o direito à autodefesa de acordo com a Carta das Nações Unidas e do direito internacional e que podem requerer aos seus cidadãos que cumpram serviço militar sob certos critérios e condições”, disse Matthew Saltmarsh, chefe do gabinete de imprensa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, citado pelo The Guardian. “Ao mesmo tempo, consideramos que estas são circunstâncias muito desafiantes e pedimos uma abordagem compreensiva e humana para aqueles que procuram fugir e que precisam de segurança e proteção”.
A Convenção Internacional dos Direitos Políticos e Civis garante a liberdade de expressão, de consciência e de religião. Alguns direitos humanos podem ser suspensos temporariamente por um Estado que precisa de se defender de uma agressão militar, mas o direito à consciência está explicitamente excluído dos direitos que podem ser suspensos, explica Amy Maguire no site académico The Conversation, professora de Direitos Humanos na Universidade de Newcastle, no Reino Unido.
Como tal, os homens entre os 18 e 60 anos devem ser autorizados a abandonar a Ucrânia. “A proibição dos homens poderem deixar a Ucrânia deve ser levantada, porque é legal e eticamente errado forçar civis a permanecerem em perigo quando eles têm a oportunidade e desejam escapar”, escreveu a professora.
Esta posição está de acordo com aquela que é assumida pelas autoridades polacas. O governo polaco reagiu publicamente ao decreto de mobilização geral, dizendo que tem as portas abertas a todos os ucranianos que queiram entrar no seu país, independentemente da idade e do género, sem que tenham de se candidatar a asilo político.
O desafio de atravessar a fronteira mantém-se no lado ucraniano e vários homens pagam a contrabandistas para a atravessarem, diz o jornal britânico. Os homens ucranianos estão a pagar entre dois mil a 7500 euros para atravessar ilegalmente a fronteira, escreve o Washington Post.
Os checkpoints tornaram-se pontos de passagem rotineiros e a guarda fronteiriça ucraniana disse que os seus agentes detectaram no controlo fronteiriço de Rososhany, em Chernivtsi, cidade ucraniana próxima da Roménia e da Moldávia, um homem adulto escondido no interior de um caixote, coberto por peluches e roupas de bebé. Tentava cruzar a fronteira ilegalmente num veículo conduzido pela esposa.
Não é um caso isolado. A polícia fronteiriça romena disse ao Setenta e Quatro ter detido 229 cidadãos ucranianos entre 24 de fevereiro e 30 de março, ao tentarem entrar ilegalmente no país através de florestas na fronteira. Os cidadãos requereram proteção internacional ao Estado romeno, aguardando neste momento pela resposta.
Os controlos são bastante apertados, com as autoridades de ambos os países a trabalharem em conjunto. O Setenta e Quatro entrou num autocarro noturno proveniente da Moldávia em direção à Roménia e as autoridades de ambos os países certificaram os passaportes dos passageiros.
Após os trâmites legais moldavos, um membro da polícia romena acenou cinco passaportes azuis, obviamente ucranianos, solicitando aos seus portadores que saíssem do autocarro e se identificassem. A polícia questionou os cinco ucranianos ao relento: “Porque não foram para a guerra? Como saíram da Ucrânia?”.
As autoridades receberam como resposta um lamurio inaudível e chilreado em inglês, com a tensão a subir entre os passageiros que se mantiveram dentro do autocarro. Ouviram-se mais algumas perguntas, seguiram-se mais respostas ambíguas e as autoridades romenas lá os deixaram seguir viagem, uma vez que não têm como os impedir de acordo com a lei. Advertiu-os apenas sobre a legislação de defesa ucraniana.
Um dos interrogados foi Mihail, de 23 anos. Questionado pelo Setenta e Quatro, sobre o porquê de fugir à guerra, disse que um médico lhe passou um atestado por causa de uma doença nas costas, mas a sua história não soa muito credível. Os cinco homens interrogados pelas autoridades romenas garantiram todos sofrer da mesma doença.
A passagem fronteiriça, feita com a ajuda de passadores, tornou-se num negócio bastante rentável. Cada pessoa pode pagar entre dois mil a 7500 euros.
Chegado a Bucareste, Mihail apressa-se em direção ao aeroporto. Chama um táxi enquanto fuma um cigarro e revela mais pormenores sobre as razões pelas quais recusou levantar armas na defesa do seu país. “O casamento estava agendado para o dia 26 de fevereiro, mas a guerra adiou-o. A minha futura esposa está na Alemanha, assim casar-me-ei lá”, afirma constrangido.
Sente-se envergonhado por não guerrear, nem auxiliar os desalojados ucranianos nas fronteiras europeias. O embaraço do interrogatório não lhe amenizou a culpa. Antes era empregado num clube noturno em Kiev, agora é considerado um fugitivo pelas autoridades ucranianas. “Não há nada que possa fazer, lamento”, afirma Mihail.
Os homens que fogem da guerra cruzam-se nas estações de comboios e de autocarros nos países vizinhos à Ucrânia. “Outros homens passam por aqui, não são muitos. Se excluir os aleijados e os que são demasiado velhos para combater, sobram os que contam todo o tipo de histórias fabulosas sobre as suas fugas”, diz Pavlo, de 42 anos. “Quase de certeza que há subornos nas fronteiras, mas ao certo nunca se sabe”, deduz.
O ucraniano nasceu em Kharkiv, mas antes da guerra vivia em Krasnodar, na Rússia. Alguns dos seus conhecidos ucranianos, que viviam na mesma cidade, foram detidos e interrogados por agentes russos. Temia ser o próximo, por isso apressou-se a apanhar um voo para Istambul, na Turquia, depois embarcou em comboios atrás de comboios, esperançoso por alcançar a Europa. Chegou a Bucareste, capital da Roménia. A partir daí, quem sabe?
“Estava aterrorizado. Por outro lado, tinha amigos na Ucrânia ocidental que diziam que seria inútil regressar e que seria impedido de abandonar o país”, disse Pavlo, desenhador de produtos industriais em 3D. Nunca pegou numa arma e sabia que seria apenas mais um na mira das espingardas russas. “Arrependo-me de não ter partido para a Ucrânia”, desabafa circunspecto, espelhando alguma vergonha na confissão.
Mesmo assim tenta contribuir para o acolhimento dos seus conterrâneos na gare norte de Bucareste. É constantemente confrontado com perguntas de ucranianos nervosos: “Porque não estás na guerra?”. Admite que as suas respostas são parcas, evasivas, mas sobretudo que não tem de “lidar com elas”.
“É um sentimento difícil, tenho amigos e família em Kharkiv e há uma parte de mim que gostava de estar ao pé deles”, salienta. “Continuarei como voluntário na estação de comboios e no campo de refugiados”, acrescenta Pavlo, que também é um desalojado da guerra e dorme em espaços incómodos, alimentado-se da ajuda humanitária.
Um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, na Polónia, garantiu que “era muito incomum” verem-se homens em idade militar entre os refugiados que chegavam ao país. Não é, no entanto, o que está a acontecer na Moldávia. Oleg Palii, diretor de um grupo jurídico que lida com casos de asilo, disse ao Washington Post que a Moldávia está a ser o primeiro destino de muitos homens entre os 18 e 60 anos que não querem combater. Numa noite no início de março, a cidade moldava de Palanca, na fronteira, “apenas viu homens a atravessar”.
Emptorion, de 20 anos, parece ser um dos poucos que chegam à Polónia. Mal as primeiras bombas russas caíram em território ucraniano, o jovem partiu com o irmão mais velho em direção à fronteira. “Vivia perto do aeroporto internacional, numa área rural, os aviões sobrevoavam constantemente os arredores de casa. Vimos aviões de guerra às cinco da manhã e ouvimos as explosões. O estrondo era muito grande”, conta ao Setenta e Quatro, pouco depois de descer de um dos autocarros que transportam diariamente milhares de refugiados ucranianos para um supermercado abandonado em Przemsyl.
Denys admite sentir-se inútil fisicamente, mas diz estar a preparar-se para se juntar ao exército cibernético ucraniano. Por agora, doa dinheiro ao exército.
O jovem ucraniano reconheceu-se aos 12 anos numa identidade de género não binária e recusou envergar um uniforme militar quando o seu presidente lhe pediu que o fizesse. Defendeu a sua recusa em combater, por causa da discriminação que sente no seu país, e que por sua vez se sente ainda mais nas instituições militares.
“Estou confuso, mentalmente perdido. O nosso país é cada vez mais liberal para os transgéneros, mas vivo escondido por causa dos julgamentos. Há cabeças que pensam como na antiga União Soviética”, disse. Quer regressar à Ucrânia, mas ainda é muito cedo para saber como e quando.
Nos primeiros dias da guerra, o seu irmão mais velho acolheu-o em casa para poderem sair do país o mais depressa possível, pois nenhum queria ingressar nas fileiras da resistência. “Conduzimos durante três dias pela Ucrânia ocidental e dormimos em restaurantes, conduzimos ao som de bombas por várias cidades diferentes”, conta o jovem ucraniano de 20 anos. Mas, uma vez chegados à fronteira polaco-ucraniano, apenas o mais novo seguiu caminho.
O seu irmão aguarda nas montanhas Cárpatos, uma cordilheira na fronteira entre a Polónia e a Ucrânia, pelo fim da guerra. Se esta não acabar brevemente, terá de dar o salto para a Polónia, ainda que a lei ucraniana não o permita. “Ele não vai combater, tem uma filha e uma mulher que não querem que ele lute”, afirma Emptorion.
Na cidade romena de Suceava, após a fronteira ucraniana em Sirete, centenas de refugiados dormem no chão. Fazem-no numa sala de um hotel de cinco estrelas que decidiu temporariamente acolher refugiados. O Hotel Mandachi representa um paradoxo entre o luxo e o desamparo.
Mulheres, crianças, velhos doentes, jovens casais, voluntários, roupas, brinquedos, edredões, alimentos entulham esse espaço alto e demasiado pomposo. Um jovem casal enrosca-se deitado sobre esponjas finas esticadas num chão de mármore. As cabeças deles batem nos pés de outros e os corpos formam a ilusão de serem um só.
O casal conseguiu não ser separado na fronteira. O nome dela é Ira, tem 20 anos, nasceu em Mariupol e espera reencontrar a família que lá deixou. Ele chama-se Denys, tem 23 anos, nasceu em Kiev, espera reaver a família que na capital ucraniana ficou. Ela contacta o pai sem receber uma resposta. Ele não telefona à família, prefere assim. Ela chorou três horas quando soube da morte dos avós e do apartamento destruído. Ele pensa como encontrar uma casa nova para ela longe do sofrimento desmesurado.
Há anos que a guerra não é algo estranho para Ira. “Sei o que é uma guerra, a minha cidade foi bombardeada em 2014”, conta sobre Mariupol. A cidade na costa do mar de Azov serviu de palco aos confrontos entre os separatistas pró-russos de Donetsk e de Lugansk contra as forças militares ucranianas em 2014, com os separatistas a conquistarem a cidade por um breve período. As fachadas dos prédios ainda testemunhavam esses combates em janeiro de 2022.
“Na altura estive no interior de um abrigo, nunca mais quis passar pelo mesmo”, recorda Ira, que esperou por Denys para sair da Ucrânia. No dia 25 de fevereiro empacotou o que podia transportar consigo e saiu da cidade em direção à zona ocidental da Ucrânia, onde os combates terrestes ainda não tinham começado por estar excluídos dos planos militares russos.
Ira diz que os soldados russos obrigam os refugiados que saem de Mariupol através dos corredores humanitários a apagarem as fotografias dos telemóveis. "Não querem provas do que aconteceu", disse.
Ira não quis partir sozinha e convenceu Denys, que diz sofrer de uma doença hereditária, a fugir com ela. Ao contrário de muitos outros homens, ele pode não pegar em armas ao abrigo da lei da mobilização geral, assim justifica ter atravessado a fronteira para a Roménia.
Denys preparou a mochila, apanhou a namorada e arrancaram até aos subúrbios de Kiev. Três dias sem repouso, com os sons das sirenes de alerta antecessores dos bombardeamentos,irigiram-se para Chernivtsi e atravessaram a fronteira para Siret, na Roménia. Alcançaram Suceava e ficaram alojados no chão do hotel Mandachi.
Em conversa com o Setenta e Quatro, Denys admite sentir-se inútil fisicamente, por isso não contribui para o esforço de guerra ucraniano. Daí que o antigo alfaiate esteja a preparar-se para se juntar às fileiras do exército cibernético ucraniano. Mas, por agora, limita-se a doar dinheiro ao exército.
Entretanto, vai sabendo o que se passa na Ucrânia através de familiares da namorada, que lhes relatam situações extremas na cercada Mariupol, a cidade mais devastada em toda a guerra. Milhares de civis foram apanhados nos combates cruzados e nos bombardeamentos russos. A existência de crimes de guerra já é consensual.
“Os soldados russos deram cinco minutos às populações para agarrarem nos seus pertences e entrarem em autocarros que seguiram até à Rússia ou territórios ocupados”, conta Ira, referindo-se aos corredores humanitários acordados entre as autoridades ucranianas e russas, que demoraram a entrar em vigor. “Os soldados apagam-lhes todas as fotografias dos telemóveis, não querem provas do que aconteceu, tiram-lhes impressões digitais, fotografam-lhes os passaportes. Depois é difícil retirar os familiares da Rússia por causa das sanções.”
Por agora, o casal sobrevive como pode, sonha encontrar um novo lar em Munique, na Alemanha, e recomeçar aí a sua vida. Já tentaram embarcar num avião em Bucareste em direção à cidade alemã, mas sem sucesso. Voltaram ao chão de mármore do hotel. A única certeza que têm é o desejo de permanecerem juntos e de não participar na guerra.
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