Marielle Ramires

Mídia Ninja: entre o jornalismo e o ativismo

Dos festivais de música até ao protagonismo da mídia de esquerda no Brasil, a Mídia Ninja tornou-se num dos projetos alternativos com maior impacto na política da América Latina. Marielle Ramires, uma das fundadoras, está a fazer uma tour pela Europa e o Setenta e Quatro conversou com ela.

Entrevista
17 Dezembro 2021

Tudo começou com a vontade de divulgar festivais de música em Cuiabá, no Mato Grosso, interior do Brasil. “Mas, sem uma cena para viabilizar, iriamos fazer no máximo um festival por ano. Então começamos a pensar políticas para desenvolver a cadeira criativa da música na cidade”, conta Marielle Ramires, uma das fundadoras tanto do Fora do Eixo quanto da Mídia Ninja, liderados pelo ativista Pablo Capilé. “Daí, surgiu o o coletivo Espaço Cubo. Logo, encontramos coletivos parecidos em outras cidades e estados, começamos a abrir frentes, e desenvolvemos uma economia solidária entre esses coletivos.”

No espaço de dez anos, o Fora do Eixo já era um dos principais atores a decidir os rumos políticos do Brasil. Através da Mídia Ninja, foram protagonistas na cobertura jornalística durante as manifestações de junho de 2013 – e o impacto dessas manifestações podem ser sentidos até hoje no país. No ano seguinte, no auge do antipetismo, ajudaram a espalhar uma contranarrativa a favor da reeleição de Dilma Rousseff. A vitória, por uma margem muito pequena, talvez não tivesse acontecido sem esse esforço.

Agora, a Mídia Ninja está numa tour na Europa por dez países para dialogar com movimentos e coletivos socioambientais. “Nós articulamos três redes, do Brasil, da América Latina e outra de língua inglesa em parceria com a COP26. É preciso juntar atores diversos para pensarem juntos seus ativismos. A ideia é pensar justiça climática como justiça social”, conta Ramires. Além disso, o objetivo é estudar o avanço das extrema-direita e divulgar as inúmeras denúncias contra o Governo Bolsonaro. “Eles são mais fortes porque tem o Estado. Mas precisamos contar essas histórias.”

Em 2022, o plano é abrir uma Casa Ninja Europa, em um país ainda não escolhido, seguindo o modelo da Casa Ninja Lisboa, que esteve na cidade no verão de 2019.

Como surgiu a ideia de criarem o Mídia Ninja e o Fora do Eixo?

A ideia inicial do Fora do Eixo era visibilizar a produção musical muito potente que existia fora de São Paulo. Na época, o Brasil tinha um circuito muito forte de festivais independentes. Era um período muito favorável para criação de políticas públicas para a cultura, porque era o Governo Lula, e o Gilberto Gil estava no Ministério da Cultura.

Naquela época, eles estavam começando o Cultura Viva, que fortalecia pontos de cultura do longo do Brasil. O que fazíamos no Fora do Eixo era parecido. Nosso foco era a circulação de produtores, artistas e jornalistas, a comunicação, que sempre foi fundamental, porque era preciso contar as histórias desse circuito, e a distribuição de produtos culturais. Fazíamos banquinhas de camisetas, para ajudar a financiar, e estimulávamos as pessoas a fazerem seus blogs. E convidávamos jornalistas para contar o que estava acontecendo porque esses festivais eram grandes vitrines. A gente acreditava que a cultura era a base de construção de um projeto nacional.

Nossa economia era pautada na coletividade, tínhamos nossa própria moeda, porque movimentávamos muito mais que dinheiro, começamos a produzir muito conhecimento nesse processo de troca, eramos uma espécie de partido, cada coletivo tinha um papel na construção de políticas públicas em suas cidades, era importante participar nos fóruns e conselhos de cultura, para construir políticas públicas.

"O Brasil explodiu, todo mundo passou a discutir política, da esquerda para a direita. Dilma estava no poder federal e o Haddad na prefeitura, uma parte da esquerda não se reconheceu nesse campo."

Em 2011, mudamos para São Paulo para abrir uma Casa Coletiva. Havia pessoas de todas as partes do Brasil. Ali, houve uma rutura, um avanço na compreensão, e a gente começa a se entender mais como movimento social.

E como funcionavam as casas coletivas?

As casas são uma das tecnologias mais potentes do Fora do Eixo. As experiências começaram nas cidades de pequeno e médio porte do Brasil profundo. É uma política de vivencia em comunidade. O caixa da casa é coletivo, que é de onde vem a maior parte do nosso financiamento. A casa é a base dos trabalhos da Mídia Ninja, realizamos atividades abertas ao público, temos a floresta ativista, onde há encontros e trocas de diferentes tipos de ativismos. E, no sentido metafórico, é o campus da nossa universidade livre, a sede do nosso banco, e nosso partido de mídia livre.

Hoje, algumas dessas casas fecharam por conta da pandemia, mas temos Casa Ninja Amazónia no Acre, em Brasília, em São Paulo, no Rio de Janeiro, entre outras cidades.

O Mídia Ninja começou em São Paulo?

Não, a Mídia Ninja não surgiu em São Paulo, mas a criação da Casa em São Paulo em 2011 foi fundamental para os rumos que a rede tomou e consequentemente para a criação da Mídia Ninja. Em especial, a Marcha da Maconha havia sido muito reprimida pela polícia. Aí falamos: vamos fazer outra marcha, mas com outra história, vamos chamar de Marcha da Liberdade. Porque sempre pensamos política como estética. A partir daí começa um diálogo muito rico com as ruas. É um processo muito vivo no país todo. No governo Lula, houve um empoderamento de povos indígenas, dos terreiros de umbanda e candomblé… A geração formada naquele período tinha muita vontade de participação política.

Em 2012, houve as eleições para a prefeitura de São Paulo. O Celso Russomano (candidato do populismo conservador) estava em primeiro lugar nas pesquisas. Na época, o Criolo [rapper brasileiro] havia lançado a música, “Não Existe Amor em SP”, então tivemos a ideia do festival “Existe Amor em SP”. Era um festival pensado a partir da estética, era tudo rosa… E deu certo, viramos o jogo, o Russomano não foi para o segundo turno, [Fernando] Haddad foi eleito.

Em 2013, o MPL [Movimento Passe Livre] começa a fazer as manifestações contra o aumento da passagem de ónibus [bilhetes de autocarro]. A Mídia Ninja estava ali, transmitindo ao vivo. A grande imprensa chega com uma narrativa que há um grupo de vândalos quebrando vidros dos bancos. Mas estávamos ali mostrando que não era verdade, era a polícia militar que estava batendo nos manifestantes. Isso tudo ao vivo, em tempo real. O Brasil explodiu, todo mundo passou a discutir política, da esquerda para a direita. Mas, como a Dilma estava no poder federal e o Haddad na prefeitura, uma parte da esquerda não se reconheceu nesse campo. Havia uma miscelânea de pessoas e agendas. Foi aí que a gente entrou para o debate nacional.

Vocês fazem cobertura ao vivo até hoje?

Estamos sempre conectados com a rua. Nós temos uma equipe de base que recebe conteúdos de núcleos orgânicos que vão cobrir atos Fora Bolsonaro ao redor do Brasil. Assim, temos uma janela para protestos no país inteiro, e até no mundo.

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Marielle Ramires
Marielle Ramires diz que "a extrema-direita usa da agenda da esquerda para criar teorias da conspiração".

Como fazem a checagem de fatos?

O nosso comentariado não é passivo, não é apenas um like, são participativos, são ativistas, também estão nas manifestações. Primeiro, checamos com a base, envolvemos aquele território, mas em última instância, o comentariado mesmo corrige. Há chats com 300 pessoas, às vezes alguém fala: “ei, essa foto não é de hoje, é de dois anos atrás!”. O sistema é orgânico e é através dele que é feito a checagem.

Como é o jornalismo da Mídia Ninja?

Nosso mídiativismo é uma conexão de vários níveis de comunicação. É muito variado, há jornalistas profissionais e há colaboradores que fizeram investigações relevantes mas não tem onde publicar. Na CPI da Covid tínhamos pessoas para cobrir a investigação em Brasília. Há, em especial, muitos fotojornalistas, há pessoas que já trabalham no National Geographic, mas querem publicar no Mídia Ninja. Quando há uma manifestação, fazemos um chamado, e as pessoas vão cobrir. Já saíram vários fotógrafos do Mídia Ninja que quando começaram nem sabiam segurar uma câmera.

A gente também está em constante diálogo com movimento indígena. Hoje, eles têm a Mídia Índia e Mídia Guarani Kaiowá. Queremos formar novos profissionais, estimular outras mídias, para que as pessoas em seus territórios possam contar suas próprias histórias.

A Mídia Ninja sempre foi muito prático, nunca foi purista.

Nós somos muito práticos e muito idealistas. Antes, achavam a gente político demais para a cultura. Mas, para fazer cultura em Cuiabá, você precisa entender onde você está, precisa buscar oportunidades, então a gente sempre pensou a política. As universidades são desconectadas da realidade, é muita elaboração e pouca prática. Mas a prática ajuda a elaboração, ajuda a compreender a realidade. Nossa génese vem do modernismo, do tropicalismo, do mangue beat, a gente faz política desse jeito. A gente respeita muito as esquerdas clássicas e o movimento tradicional, mas não é a gente.   

Como esses encontros são traduzidos para a prática?

É preciso se conectar com as bases, com os territórios. Tem gente que elabora muito mas não está na universidade, como as lideranças indígenas, que apontam soluções para o mundo, e a mesma coisa com os terreiros. Então você vê que existe uma ciência que a academia não valoriza. Mas eles têm toda uma cosmologia que vem da ancestralidade que o pensamento branco desconsidera como intelectual. Nós tentamos conectar essas diferentes inteligências para encontrar caminhos e soluções. O Brasil profundo, a América Latina profunda, o sul global profundo enfrenta genocídios, mas tem uma potência enorme, mas que não tem visibilidade. É preciso conectar essas pessoas e mostrar ao mundo que elas existem.

A gente aposta em colocar as pessoas para conversar, do hacker até as lideranças indígenas. Assim esses atores podem dividir qual a sua solução para seguir resiliente, e tudo isso combinado, pode resolver muitas coisas.

A Mídia Ninja é uma janela de exibição para contar a história de muitos heróis e heroínas locais que não têm visibilidade.

A ideia era ir do trabalho de base até as políticas públicas e o ministério?

Para a gente, está tudo conectado, porque precisamos disputar políticas públicas, fortalecer lideranças sociais em cargos eletivos. O Brasil sempre se renova com o mesmo perfil, sempre o homem branco e rico. É preciso construir novas possibilidades.

Como é a relação de vocês com a política partidária?

A gente tem um diálogo amplo suprapartidário. O nosso lugar de fala é a partir do movimento social. Mas a gente é contra a criminalização da política, isso é um instrumento de dominação das classes dominantes, eles fazem lóbi, compram a pessoa, e criminalizam a política.

E há um processo intenso de criminalização da política no Brasil.

Não é um fenómeno novo. Em 1960, por exemplo, Janio Quadros ganhou a eleição assim. Os moralistas são sempre os piores. Ora, todo mundo é contra a corrupção, por isso é sempre bom desconfiar quem só tem essa pauta em sua agenda, e não fala da desigualdade profunda que há no Brasil. Quando você criminaliza a política você afasta pessoas que podem contribuir. Nem todo político é igual. Quem acompanha, sabe que há pelo menos um terço do congresso que é honesto e sério, estão lutando para uma sociedade mais inclusiva, que são contra projetos de lei que acabam com a base social, que aumentam o desmatamento, que destroem os povos indígenas.

O golpe contra Dilma colocou em cheque toda a construção democrática que durou 30 anos. A primeira coisa que fizeram depois do golpe foi acabar com o Ministério da Cultura. Eles sabem que a guerra é cultural, e por isso usam seus instrumentos, como as igrejas pentecostais.

A Mídia Ninja foi um grande protagonista das manifestações de 2013. Hoje, há muito debate sobre o que esse período significou para o Brasil.

Havia uma diversidade muito grande nas ruas em 2013. O Pablo Capilé sempre diz que o país vivenciou uma expansão de consciência muito grande. Alguém levou uma placa para as manifestações que dizia assim: quero mais queijo no meu pastel. As pessoas estavam sedentas por mais participação política. Muita gente se provocou como ator social em direção em mudança a partir dali, e decidiram até se candidatar, pessoas progressistas, LGBT. Até hoje encontramos pessoas que dizem: eu despertei para a política em 2013.

As esquerdas tradicionais não estavam lá. Durante o impeachment da Dilma, a TV Globo disse que as pessoas que estavam na rua pedindo a saída da presidenta eram consequência de 2013. Mas não dá pra dizer que foi só aquilo. Nós precisamos de mais tempo para entender o que foi aquele período.

Em seguida, vocês também foram muito importantes para a eleição da Dilma em 2014.

Era evidente a importância do nosso ecossistema do ecossistema de midiativismo brasileiro nessa eleição. A imprensa mainstream estava muito a favor do Aécio [Neves], e há anos que trabalhavam para a criminalização do PT. Nós então fizemos uma disputa narrativa contra a mídia hegemónica. Isso fez toda diferença na eleição. A Dilma ganhou por uma percentagem muito pequena.

E depois do golpe?

Estávamos numa corrida muito forte para denunciar o retrocesso de direitos. Em 2015, a Dilma praticamente não governou, o Aécio [Neves] estava questionando o resultado eleitoral, o Eduardo Cunha era presidente da Câmara dos Deputados. A Operação Lava-Jato conseguiu articular um campo para realizar o impeachment de uma presidente eleita. Nunca foi por causa de pedaladas fiscais, era uma questão política. A Dilma cometeu erros, mas é uma mulher correta.

"Nós tentamos conectar essas diferentes inteligências para encontrar caminhos e soluções."

Era outro Brasil. A gente era respeitado pelo mundo, apontávamos soluções para o mundo. Esses dias, estávamos na Suécia, e alguém disse: olhávamos muito para as políticas de software livre no Brasil. Era o máximo, mas acabou. O que aconteceu?

Aquele Brasil era feliz e sabia, era um Brasil que emergiu de um processo vivo e sabia da sua potência. Éramos a quinta economia do mundo.

A gente critica a esquerda porque queremos mais participação política. Mas o que substituiu foi um projeto que quer que o negro volte para a senzala, o gay para o armário, a mulher para a cozinha.

Nas eleições de 2018 vocês apoiaram a chapa do Guilherme Boulos [do PSOL, equivalente ao Bloco de Esquerda em Portugal] com a Sonia Guajajara [líder indígena].

O Guilherme era um candidato jovem que tinha do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e a Sonia Gajajara é uma liderança que está na vanguarda da resistência indígena – vale lembrar que as populações indígenas são as maiores vítimas de Bolsonaro.

No segundo turno, era preciso conquistar mais votos para o Haddad, e abrimos uma página nas redes sociais chamada Vira Voto. Era um movimento afetivo de amar uma banquinha na rua e dizer: esse é um projeto de destruição.

Nessa eleição, não teve debate público, só fake news, e não sabemos quem financiou as fake news. A classe dominante preferiu um projeto racista e misógino e esse projeto que de nacional não tem nada.

E, depois, teve a facada, que foi fundamental para a eleição do Bolsonaro.

Porque o Existe Amor em SP deu tão certo e o #EleNão contra o Bolsonaro deu errado?

Eram momentos e conjunturas muito diferentes. Durante o Existe Amor em SP, havia uma onda progressista na América Latina: Lula, Mujica, Kirchner, Rafael Corrêa, Evo Morales… Em 2018 já era uma contra onda, o oposto que aconteceu em 2013.                                                 

Era muito forte a propaganda da imprensa contra o PT. Não era um debate, era tudo menos o PT. O Brasil nunca conseguiu reparar seus males, suas doenças antropológicas e históricas, só tiveram dez anos de tentar uma reparação à escravidão, e mesmo assim, as quotas foram muito polémicas, muita gente foi contra. O Brasil é um país marcado por lutas sociais, mas também por um processo muito grande de repressão dessas lutas sociais. É um país sem memória.

Quando as manifestações #EleNão tomaram as ruas, havia uma organização grande da direita internacional, havia o Cambridge Analytica. As mulheres foram as ruas, diferentes tipos de feminismo, desde as mães com seus filhos até as feministas radicais que expunham seus corpos. As mulheres só começaram a votar durante a década de 30. O #EleNão foi um grito que dizia: não vamos aceitar esse retrocesso.

A esquerda perdeu a capacidade de se comunicar?

Nossa sensação é que se tivesse mais dez dias de campanha, a gente ganhava. A gente precisa se conectar pelo afeto, pela busca de similaridades, a partir da escuta. A Mídia Ninja ouve o comentariado, porque os comentários das redes te mostram muitos sinais, é o debate público em tempo real.

As esquerdas do mundo inteiro estão se perguntando os próximos passos. Há muitas perguntas sem respostas. Precisamos de novos referenciais teóricos. As antigas formulações não servem mais.

A crise é económica, política e subjetiva. É preciso olhar para as referências das ciências indígenas, para a cosmologia negra, para a literatura que os povos estão produzindo no sul global.

Mas também não está fácil para a direita. O [Thomas] Pickety disse outro dia que as condições atuais são muito parecidas com aquelas da Revolução Francesa.

Como furar a bolha de esquerda e conquistar além dos convertidos?

A Mídia Ninja tem uma capacidade enorme de influenciar o debate público. Quem nos acompanha não está interessado somente em ler, tem um perfil ativista, quer mudar a sociedade. Nossos leitores são formadores de opinião. O debate passa pelas redes sociais, que cada vez mais pautam o jornalismo tradicional. E a gente é protagonista desse lugar.

Todo mundo fala de furar bolha, mas a extrema-direita só fala com os seus. O Bolsonaro fala com sua base social do palco da ONU. Eles têm uma política de fortalecimento da própria bolha.

A Mídia Ninja foi uma saída para pessoas de esquerda que desconfiavam da grande imprensa. Mas agora vemos que há pessoas radicalizadas de direita que também não consomem grande imprensa, e ficam só nos seus nichos, que fomentam fake news.

A extrema-direita usa da agenda da esquerda para criar teorias da conspiração. Por exemplo, a gente quer a democratização dos meios de comunicação, quer que mais gente tenha voz, mas eles pegam essa pauta, distorcem, e dizem que racismo é direito de opinião.

Há laboratórios lucrando biliões, sem uma política de generosidade, que restringe a vacina excluindo países pobres de África. Não quebram a patente, não dialogam a partir do afeto, e a vida de todo mundo piora; e alguns poucos lucram. A direita pega essa crítica dos grandes laboratórios para ser contra a vacina. A extrema-direita diz que é antissistema mas ninguém é mais a favor do sistema que eles. É muito perverso.