Maryam Shahi

Maryam Shahi: “Vi pessoas morrer à minha frente”

A jornalista afegã conta como fugiu do país depois de os talibã tomarem Cabul. Do semanário feminista que ajudava a dirigir até aos ataques terroristas que presenciou, relembra os últimos anos de uma sociedade nova que nesse momento ficou em pausa, indefinidamente.

Entrevista
7 Janeiro 2022

À entrada da cantina da pousada onde está alojada há cerca de três meses, Maryam Shahi cumprimenta-me em português. A jornalista afegã, de 35 anos, há várias semanas que frequenta aulas de língua portuguesa mas confessa, em inglês, que é uma língua "difícil de aprender”. Pergunta-me se não me importo que a entrevista seja em persa com a ajuda de um intérprete, Mohammad Elham, antigo coordenador de diversos projetos de apoio humanitário das Nações Unidas no Afeganistão e que desde setembro vive com a família na mesma pousada.

Maryam Shahi nasceu e cresceu no Irão, depois de os pais terem fugido do Afeganistão. A jornalista pertence à minoria étnica hazara, de maioria xiita e historicamente perseguida no Afeganistão, que apenas teve direitos plenos de cidadania a partir de 2004.

Em 1998, os talibã executaram sistémica e sumariamente mais de dois mil hazaras, sobretudo homens, em Mazar-i-Sharif. O número certo de mortos não é sabido e pode ascender aos 20 mil. Na década passada, o Daesh levou a cabo múltiplos ataques contra os hazara, em escolas e hospitais, em festas de casamentos e maternidades.

Em Teerão, onde os hazara são por vezes denominados "barbari", Maryam diz ter sentido na pele a discriminação contra os imigrantes e refugiados afegãos. Viveu e cresceu marginalizada: por ser mulher, por querer estudar, mas sobretudo, diz a jornalista, ao ser tida e tratada — ela e os seus compatriotas — como cidadã de segunda classe.

"Quero usufruir dos direitos totais de qualquer ser humano. Educar-me, levantar a minha voz e dar voz a outras mulheres. Não quero que a próxima geração sofra com o que eu sofri no passado."

Decidiu tornar-se jornalista para contar essas histórias, para “levantar a voz" do seu povo. Tirou um curso prático de jornalismo e uma licenciatura “à distância” e regressou ao Afeganistão, onde começou a escrever sobre as estruturas de violência contras as mulheres, “sobre igualdade de género, sexualidade, menstruação, problemas matrimoniais, violência doméstica, abusos sexuais e assédio nas universidades”, contou em entrevista ao Setenta e Quatro. Ajudou a denunciar práticas de extorsão e coação sexual dentro do governo afegão. Por tudo isso foi alvo da marginalização do governo e de ameaças dos talibã.

Ao mesmo tempo, juntava-se aos protestos pelos direitos dos hazara — como hazara e como repórter —, até que, em julho de 2016, dois bombistas-suicidas ligados ao Daesh detonaram as suas cargas de explosivos no meio de uma manifestação, no centro de Cabul. Pelo menos 80 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas. Maryam Shahi estava lá, viu pessoas morrer à sua frente. Sofreu de stress pós-traumático, mas, mesmo assim, não deixou de escrever.

O medo foi crescendo e, sendo que escrevera publicamente contra os talibã, não teve outra alternativa que não fugir do Afeganistão, junto com a sua irmã, quando os extremistas tomaram o país. Está hoje numa “lista negra de pessoas a matar”.

Como foi a fuga do Afeganistão? Como conseguiu sair?

Sair do país foi muito difícil, muito complicado. Por razões de segurança e até de confidencialidade, há muitas coisas de que não posso falar. Tive de ficar alguns dias no aeroporto de Cabul. Havia um suposto plano de evacuação. Tinha recebido duas cartas, uma do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, basicamente de saída de emergência, a chamar-me para França, porque já tinha trabalhado para a Euronews, outra vinda de Espanha, da parte dos Repórteres Sem Fronteiras. As forças militares dos Estados Unidos (EUA) e outros países, inclusivamente europeus, estavam no interior do aeroporto de Cabul para tirar as pessoas do país quando os talibã já estavam na cidade.

Tentei entrar no aeroporto muitas vezes. Tivemos de atravessar um fosso inundado com água de esgoto para entrar, tentámos mostrar os documentos que nos permitiriam sair do país, mas fomos ignoradas [Maryam e a irmã] pelos militares das forças estrangeiras. Ignoraram os nossos papéis e os nossos gritos. Foi humilhante. Assim que os talibã cercaram o aeroporto, já não foi possível fugir por via aérea.

E depois?

Lá conseguimos sair por terra do Afeganistão para o Irão. E já em Teerão recebemos um convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Aceitámos. Quando os talibã capturaram Cabul, foram dias difíceis. Estavam em todo o lado. Demorámos alguns dias a sair do país. Fomos interrogadas, assistimos ao ataque bombista ao aeroporto.

Mas durante esses dias houve algumas manifestações de grupos de mulheres, mulheres comuns e ativistas, e participei numa delas. O propósito dessas manifestações era contestar as regras que os talibã haviam imediatamente imposto às mulheres — cobrir completamente o corpo e o rosto, parar de ir à escola, à universidade, não ir trabalhar. Por isso juntei-me a elas contra os talibã. Havia o perigo de morte, claro. Quem resiste aos talibã normalmente acaba morto.

A minha mãe ligou-me a chorar, preocupada comigo. Sabia que se ficasse em Cabul seria morta. Escrevi muita coisa contra os talibã nos meios de comunicação e todo o meu trabalho estava ligado aos direitos das mulheres. Já nos meses anteriores à saída dos americanos sentia o perigo ao meu lado.

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Civis tentam entrar no aeroporto de Cabul através dum fosso de esgoto depois do ataque bombista de 26 de agosto | Cortesia de Maryam Shahi

O Afeganistão já era considerado um dos países mais perigosos para jornalistas. Além disso, como disse, escrevia sobre os direitos das mulheres. O que a levou inicialmente ao jornalismo?

Em 2007, no Irão, quando lá estive também enquanto refugiada, comecei um curso online dado pela BBC, contribuindo no último ano do ensino secundário para uma revista chamada ZigZag Magazine. Foi aí que comecei a fazer jornalismo, aprendendo ao mesmo tempo. Como não tínhamos cidadania iraniana, não tínhamos os mesmos direitos — não podíamos estudar, trabalhar. Muita gente simplesmente não tinha direitos básicos. Ver toda a discriminação que os imigrantes e refugiados sofriam também me levou a querer um dia ser jornalista e denunciar estes tratamentos.

Já no Afeganistão, ao ser hazara, ao pertencer a um grupo étnico minoritário, ser uma cidadã de terceiro nível entre os restantes povos do Afeganistão, também me levou a querer levantar a minha voz e a fazer-me ouvir. Foram estas as duas grandes razões que me levaram até ao jornalismo.

Nos últimos 20 anos tem havido tantos ataques terroristas, tantos ataques suicidas. Assisti, muitas vezes e de muito perto, a esses ataques, a essas explosões. Nos últimos cinco anos, muitas mulheres jornalistas foram assassinadas por todo o país.

"Por causa das minhas ligações ao Nimrokh, sentia-me sempre em perigo. Nos últimos anos, muitos jornalistas foram alvo dos talibã. Se tinha de sair de casa, sentia ansiedade, porque naquele dia podia ser a minha vez."

Em julho de 2016 houve um grande massacre durante uma manifestação no centro de Cabul. Era um grupo muito grande de gente do povo hazara que se manifestava pelos seus direitos, contra a discriminação e, especificamente, contra a construção de uma linha elétrica de alta tensão que atravessaria as suas terras — e eu estava lá no meio. De repente, houve uma grande explosão: um ataque suicida. Morreram mais de 80 pessoas, mais de 200 ficaram feridas. Morreu muita gente nova, porque a manifestação estava cheia de famílias, jovens estudantes universitários, ativistas, homens e mulheres.

Esse ataque teve um grande impacto psicológico em mim: fiquei muito deprimida, comecei a ter ataques de pânico. Se tinha de sair de casa, sentia ansiedade. Eu estava muito perto da explosão, vi pessoas morrer à minha frente. Estive medicada, recebi tratamento psicológico, mas mesmo assim foi muito difícil lidar com as emoções e, especialmente, com as memórias do que vi. Ainda sinto o impacto desse dia.

E logo em 2017 começou a trabalhar no semanário Nimrokh.

Trabalhei no último ano como editora-chefe do semanário. Era escrito e dirigido por mulheres e foi criado para defender e propagar os direitos das mulheres, a igualdade de género e denunciar abusos. "Nimrokh" significa literalmente "meia-face", queríamos mostrar a metade da face da sociedade que não era visível, a metade feminina.

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Maryam Shahi
Maryam Shahi em reportagem como correspondente da Euronews | Cortesia de Maryam Shahi

Tratávamos temas tabu, não só escrevíamos sobre os direitos das mulheres à educação e ao trabalho, mas também falávamos de sexualidade, de menstruação, problemas matrimoniais, violência doméstica, abusos sexuais, assédio nas universidades e no trabalho. Fizemos inclusivamente uma campanha chamada "Quebra o silêncio, levanta a tua voz" e lutámos pelo fim dos testes de virgindade no Afeganistão.

Por causa das minhas ligações ao Nimrokh e a outros movimentos civis de activismo, sentia-me sempre em perigo. Fui ameaçada pelos talibã. Nos últimos dois ou três anos, houve muitos ataques com engenhos explosivos magnéticos contra jornalistas, colocados debaixo de carros e até de transportes públicos. Vivia sempre com o medo que "talvez hoje seja a minha vez", porque fazia parte desses grupos que se tornaram o alvo dos talibã, ainda antes de tomarem o poder.

Alguns desses ataques mais recentes foram levados a cabo especificamente contra jornalistas mulheres. Mesmo com o impacto traumático de toda a violência e do perigo que sentia encontrou motivação para continuar o seu trabalho?

Fui criada num contexto de ditadura religiosa. Havia sempre uma lógica de imposição contra as mulheres, era-nos imposto que não trabalhássemos, que não nos educássemos. Essa foi a maior pressão que me foi imposta ao crescer. Poderia ter ficado no Irão, onde tinha a minha família, os meus amigos. Mas a minha ideia era falar às pessoas, de passar a mensagem, de usufruir dos direitos totais de qualquer ser humano. De me educar e levantar a minha voz e dar voz a outras mulheres. De expor desigualdades e ataques aos direitos humanos e aos direitos das mulheres. Não quero que a próxima geração, particularmente as mulheres, sofra com o que eu sofri no passado.

Talvez tenha ouvido que os talibã não são apenas um grupo de extremistas religiosos, são também profundamente racistas. Há certos grupos étnicos que estão especialmente sob pressão. No passado, especialmente entre 1996 e 2001, os talibã levaram a cabo verdadeiros massacres, numa lógica genocida, em três províncias afegãs onde habita o meu grupo étnico. Não são só explosões e ataques suicidas. Temos de continuar a manifestar-nos contra isso, e mostrar ao mundo que isso acontece. É essa a minha motivação.

Durante estes últimos 20 anos viu uma sociedade diferente a crescer e contribuiu para ela. Acha que é possível que os talibã a destruam inteiramente?

Sim, durante estes 20 anos foram criados muitos movimentos de ativismo por parte de jovens ativistas, jornalistas, mulheres, [membros de] minorias étnicas. Foram bons anos para nós. Esses movimentos criaram alguma consciência. Acho que o objetivo desse trabalho feito nos últimos 20 anos era criar uma cultura nova, uma nova mentalidade. Obviamente que muitos desses ativistas e jornalistas já deixaram o país, tiveram de deixar o país, e aqueles que lá ficaram ainda estão a tentar sair e a encontrar dificuldades, porque não há espaço nem lugar para eles sob a ocupação talibã.

"Ao conversar e fazer acordos com os talibã, as forças de ocupação voltaram a colocar 30 milhões de afegãos em perigo. Foi um crime contra as mulheres e as minorias na linha da frente da construção democrática."

Mudar mentalidades não é um trabalho fácil, mas tem havido, mesmo nestes meses de poder talibã, muitas manifestações, inclusivamente de mulheres. Isto significa que há ideias que não morreram, nem morrerão completamente. Nota-se que as mentalidades e até a cultura já sofreram, de alguma maneira, mudanças. A maioria da população não quer um grupo extremista a controlar o país e a impor o que bem lhes apetecer.

O lado infeliz da ocupação norte-americana, que incluía a colaboração de outros países como Reino Unido, Austrália e até Portugal, foi, depois de 20 anos em que o povo afegão lutou para construir uma democracia e pelo fim da influência de grupos extremistas no governo do país, essas forças cometerem o grande erro de conversar e fazer acordos com os talibã. Ao fim de 20 anos voltaram a pôr todo o povo do Afeganistão em perigo. Mais de 30 milhões de pessoas estão em perigo, as suas vidas estão em perigo. Foi desapontante ver isso acontecer. Foi um grande crime contra os direitos das mulheres e das minorias que estavam na linha da frente para a construção de uma democracia no Afeganistão.

Disse que muito do seu trabalho se focava em quebrar o silêncio à volta de assuntos tabu na sociedade afegã, como o divórcio ou o assédio contra as mulheres. Como era a sua vida quotidiana enquanto mulher e jornalista? Como era na redação e nas ruas?

Posso dar um exemplo de uma reação severa ao meu trabalho. Há algum tempo escrevi um artigo sobre extorsão e coação sexual dentro do governo afegão. Mulheres que eram coagidas a trocar sexo por uma posição ou vaga na administração pública. Senti uma reação até da própria autoridade governamental. Havia já uma cultura, quase regulamentada, que estabelecia informalmente que se alguém providenciava sexo a uma alta autoridade, então teria acesso a uma posição mais privilegiada. Fui ameaçada, fui assediada. Senti uma grande reação a esse trabalho, até na rua.

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Mulheres em protesto após a tomada do poder pelos talibã | Cortesia de Maryam Shahi

A maior ameaça, no geral, não vinha da população urbana de Cabul, até porque muitos homens concordavam com as reivindicações das ativistas feministas. O maior risco vinha dos talibã e de outros grupos extremistas que não estavam nas cidades, mas nos subúrbios e arrabaldes. Tinham poder e vontade para levar a cabo ataques terroristas ou simplesmente matar alguém.

Nos primeiros anos da ocupação norte-americana houve alguma reação popular, porque a cultura e a sociedade ainda não estavam em posição de aceitar uma mulher jornalista, uma mulher produtora de televisão ou editora-chefe de um jornal. Em algumas famílias chegaram a deserdar ou mesmo a matar as suas irmãs, filhas, sobrinhas, por escolherem este tipo de profissões. Mas nos últimos cinco ou seis anos notava-se que algo havia mudado, especialmente nas cidades: éramos toleradas e bem recebidas na comunidade. O risco vinha mesmo dos grupos extremistas.

Mencionou pressões das autoridades governamentais. Sente que o governo do Afeganistão foi negligente ou permissivo em relação a esses ataques contra as mulheres, as minorias e os/as jornalistas?

Um dos maiores desafios do anterior governo de Ashraf Ghani, que era presidente, foi, infelizmente, a corrupção. Não necessariamente a corrupção pelo dinheiro, mas também, como já referi, através de coação sexual ou trocas de favores. A aplicação desta cultura de troca de sexo por posições ou vagas no governo vinha, de alguma maneira, das altas autoridades governamentais. Quiseram esconder isso, queriam que não fosse notícia. Não tiveram outra reação. Não houve resposta, não houve qualquer medida contra isso. O governo quis abafar e marginalizar os grupos de jornalistas e ativistas que estavam a revelar todas essas informações ao público.

"Os talibã só sabem lutar, só sabem matar. Não sabem nada sobre educação ou saúde. Será difícil continuarem no poder."

Uma das razões para dar algum poder aos talibã, para conversar e fazer acordos com eles, foi haver um grande grupo de pessoas contra o governo. Havia oposição política, por causa da corrupção, dos escândalos de assédio sexual. Então ignoraram grupos minoritários que sempre criticaram o governo. O governo tomou posições que, de alguma maneira, facilitaram a subida dos talibã ao poder. Se os governos anteriores tivessem conseguido construir confiança entre as diferentes comunidades dentro do Afeganistão — que, em vez disso, foram marginalizadas, foram mantidas separadas — talvez os talibã não tivessem conseguido alcançar poder suficiente para tomar conta do país.

O Afeganistão pode escapar ao poder talibã e voltar a um percurso de construção democrática?

Não tenho certezas sobre como virá um futuro governo democrático. Mas tenho a certeza de que o poder talibã acabará. Os talibã não têm o apoio do povo, da sociedade. Um grupo muito pequeno de pessoas provavelmente os apoia, mas a maioria das pessoas não os quer a liderar o país. Portanto, tenho a certeza que o governo talibã não continuará por muito tempo. Brevemente colapsarão.

Um dos problemas dos talibã é que eles só sabem lutar, só sabem matar. Sabem como levar a cabo um ataque suicida, mas não sabem nada sobre educação, sobre saúde, governação, política. Será difícil continuarem no poder.

Chegou a Portugal em setembro. Foi bem recebida? Pensa já em regressar ao Afeganistão?

Neste momento seria impossível regressar, estamos numa lista negra de pessoas "a matar". Mas no futuro sim. Caso a paz volte ao Afeganistão, com um governo democrático, quero voltar e começar a trabalhar para reconstruir o que foi desfeito.

De maneira geral, estamos muito gratos pela receção do governo português, da Câmara [Municipal de Lisboa] e dos portugueses. Ao chegarmos, tínhamos receio dos preconceitos que os países ocidentais têm sobre os países do Médio Oriente ou dos muçulmanos, como se fôssemos todos terroristas. Mas aqui não senti isso. Um dia destes fui a um parque com a minha irmã e decidi pôr um lenço na cabeça. Não uso hijab, mas tinha o cabelo molhado, e a meio do caminho comecei a ter medo que me atacassem por estar de lenço. Depois percebi que não. Aqui é diferente. As pessoas são muito atenciosas, generosas e não têm esses preconceitos. Fomos bem recebidas.

Em termos de liberdade, é completamente diferente de Cabul. Com os talibã já não nos restava muita liberdade e não podemos esperar ter o mesmo nível de vida que tínhamos lá, mas aqui temos mais liberdade para fazer o que quisermos. Algumas famílias têm problemas em conseguir gerir o pouco dinheiro que recebem. Estou aqui há três meses e ainda não recebi qualquer ajuda monetária. Claro que apreciamos termos um sítio para dormir, comida. Mas temos algumas necessidades que só nós podemos suprir, especialmente os que têm crianças. Claro, isto passará, mas será desafiante.